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Guido Pellegrino Viaro
Badia Polesine, Itália, 1897 - Curitiba, PR, 1971.
Pintor, gravador, aquarelista.
Foi o artista moderno mais importante do Paraná. Embora nascido na Itália, seu trabalho artístico foi praticamente todo desenvolvido no Brasil, país que o adotou e que ele amava desmesuradamente. Não foi apenas o pintor moderno do Paraná. Foi desenhista, gravurista, escultor e um eterno pesquisador. Sua importância não se restringe apenas a seu ofício de artista. Foi ele que introduziu a pintura moderna no Paraná. Conseguiu romper os laços com a pintura acadêmica, apresentando uma nova proposta artística numa cidade que se ressentia de maiores informações sobre os novos movimentos artísticos mundiais.
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi praticamente ignorada pelos curitibanos. Foi Viaro quem quebrou lanças para mostrar os novos caminhos da arte. Lutou de todas as formas, criando discípulos que hoje são pintores importantes, tais como Fernando Velloso, Fernando Calderari, Juarez Machado, Domicio Pedroso, Ida Hanemann Campos, Luiz Carlos Andrade Lima, João Osório Brezezinski, Euro Brandão e tantos outros que passaram pela sua escola e foram contagiados pelo seu entusiasmo.
Em 1937, fez as primeiras experiências com crianças, iniciando a primeira escolinha de arte do país, que mais tarde se transformou no Centro Juvenil de Artes Plásticas. Sua intenção não era fazer artistas, mas sim desenvolver uma nova mentalidade artística através da arte na educação. Era catequizar as crianças e proporcionar-lhes um conhecimento artístico que talvez seus pais não tiveram.
Filho de agricultores, na modesta Badia Polesine (Itália), sempre soube claramente o que queria. Sua vontade era ser pintor, e nenhum obstáculo seria suficientemente forte para impedir que ele realizasse esse desejo. Lutou contra a vontade da família - que o queria médico - contra as dificuldades financeiras, contra a pobre cultura camponesa - que o abafava - e com todas as dificuldades que um rapaz pobre tem para seguir uma carreira artística. Percebeu, muito cedo, que os horizontes do mundo eram muito mais amplos que o cinturão verde que circundava sua cidade natal.
Seu tio Ângelo Viaro, escultor de grande nome em Bolonha, vendo suas pinturas, percebeu cedo seu talento e mandou um de seus trabalhos a um Salão de Veneza, que lhe deu uma menção honrosa, quando tinha 15 anos de idade.
Abafado pela tranquilidade da aldeia, foi a Veneza, onde apaixonou-se pela cidade e pelo modo sensível com o qual os venezianos respeitavam as artes e os artistas. Em seguida foi a Florença, Milão e Roma, para completar o volume de informações que necessitava para formar sua cultura artística.
A ampliação de seu horizonte era Paris. Sua primeira viagem foi de carona com um corredor de automóveis. Sofreu, passou fome, trabalhou, mas conseguiu sobreviver. Conheceu artistas, movimentos artísticos, viveu momentos muito importantes de sua vida. Voltando à Itália, desiludido com os movimentos políticos, cujas ações efervescentes minavam a juventude da época com autoritarismo, prepotência e violência, resolveu reunir algumas liras e comprar uma passagem para o Brasil.
Chegando ao Rio, já sentiu a despreocupação do povo com as definições ideológicas rígidas que o caldeirão político italiano impingia obsessivamente a seus jovens.
Em São Paulo, sentiu-se bem, começando a segunda parte de sua trajetória artística. Trabalhou como desenhista de jornais, mas já em 1927 fez sua primeira exposição individual. Foi muito bem recebido em São Paulo, por intelectuais, pintores e críticos. Vendeu quadros e teve a encomenda de alguns murais, muito em moda na época, em cafés e em algumas mansões da Av. Paulista e Jardins.
Esteve em algumas cidades do interior de São Paulo, vindo a seguir a Curitiba. Sua intenção não era ficar no Brasil, e sim conhecer o país, vivendo de sua arte.
Curitiba, que em sua intenção inicial era apenas mais um local onde permaneceria por algum tempo, talvez tenha lhe proporcionado a surpresa mais inesperada de sua vida. Conheceu Yolanda e apaixonou-se loucamente por ela. A passagem comprada para ir ao México foi vendida e transformada em flores para sua amada.
Foi o casamento que fixou Viaro, consolidou seu trabalho de artista e mestre na cidade que o acolhera. Mas ele também fez o possível para retribuir, transmitindo o que sabia de seu ofício a seus semelhantes.
Se conhecer Yolanda foi a grande mola propulsora de sua inspiração artística, sua morte, em 1970, causou um dano irreversível a seus sentimentos. A vontade de viver acabou. Foi se consumindo a cada dia, sem doença, mas também sem vontade de viver. Sua morte parecia ter encerrado sua passagem feliz pela terra, passagem que somente poderia ser vivida a dois.
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